A tradição de se sentir estúpido
O problema do texto das confissões de um ex filósofo (que confesso, bateu em alguns pontos aqui por questões pessoais), é que ele ignora que se sentir estúpido, atrasado, correndo atrás é uma experiência constituinte da prática filosófica não dogmática.
Não é pra marcar aqui um espaço de martírio e autocomiseração, mas só reforçar dois ponto óbvios que são esquecidos:
Sócrates passa boa parte do tempo anunciando sua ignorância e talvez isso devia ser visto como a tentativa de aceitar essa posição incômoda mas inevitável.
A experiência do espanto como gatilho pra filosofia é algo que se encontra por toda a tradição (e não apenas na antiguidade). Perder as certezas diante de algo que não entendemos é, portanto, constituinte.
Pra finalizar só lembrar que se a filosofia é associada ao Eros, é por ele ser filho da Penúria com Recurso (Pênia e Poros?). O filósofo teria sua imagem ligada, portanto, a uma pobreza epistêmica.