February 12, 2020

A tradição de se sentir estúpido

O problema do texto das confissões de um ex filósofo (que confesso, bateu em alguns pontos aqui por questões pessoais), é que ele ignora que se sentir estúpido, atrasado, correndo atrás é uma experiência constituinte da prática filosófica não dogmática.

Não é pra marcar aqui um espaço de martírio e autocomiseração, mas só reforçar dois ponto óbvios que são esquecidos:

  1. Sócrates passa boa parte do tempo anunciando sua ignorância e talvez isso devia ser visto como a tentativa de aceitar essa posição incômoda mas inevitável.

  2. A experiência do espanto como gatilho pra filosofia é algo que se encontra por toda a tradição (e não apenas na antiguidade). Perder as certezas diante de algo que não entendemos é, portanto, constituinte.

  3. Pra finalizar só lembrar que se a filosofia é associada ao Eros, é por ele ser filho da Penúria com Recurso (Pênia e Poros?). O filósofo teria sua imagem ligada, portanto, a uma pobreza epistêmica.


Previous post
Sobre se sentir um idiota na filosofia Li a confissão do ex-filósofo do Gironi e tem muita coisa ali que parece “self-serving bullshit” (por falta de expressão melhor). Ainda assim, o que
Next post
Uma defesa das fronteiras disciplinares Ainda que esteja fora de moda, o Badiou satisfaz meu interesse por preservar frotneiras disciplinares. O que não significa que não haja interações,