Sobre se sentir um idiota na filosofia
Li a confissão do ex-filósofo do Gironi e tem muita coisa ali que parece “self-serving bullshit” (por falta de expressão melhor). Ainda assim, o que ele fala sobre se sentir idiota, preguiçoso e burro é algo duro. Talvez isso não seja um problema para todos, mas aqui é.
Não tanto no sentido comparativo (embora isso exista, isso é real — e fantasmático ao mesmo tempo), mas no sentido de se deparar com limites à sua compreensão. Isso é pior quando se tem um gosto pela coisa (é paradoxal, mas é esse o paradoxo fundador da relação erótica da fil).
Ainda assim o que tem funcionado pra mim, pra ajudar com essas questões é pensar a atividade como voltada para a docência acima de tudo. Claro, me ajuda a lidar com certas pressões, mas não resolve todas (não resolve o fato de que ainda preciso escrever artigos pra publicar).
Pensando aqui e também a partir de um tweet do Negarestani, que é polêmico, desnecessariamente polêmico e também não deixa de conter os seus pontos cegos (e sua cabeça-durice), acho que essa onda de “pluralizar ontologias” muitas vezes acaba tendo a ver com essa impotência na área.
Acho que isso não precisa significar que certos trabalhos são inócuos por serem associados a esse campo. Mas acho que de fato tem surgido trabalhos na rabeira de boas obras que pressupõem (as vezes sem querer) que “se organizar direitinho (na ontologia) todo mundo se resolve”.
E não é que isso seja um defeito moral. Acho que a situação de impotência do acadêmico em contraste com as promessas da filosofia e sua tradição, acabam gerando ou uma passividade (descrença total niilista ou profissionalização escolástica) ou um construtivismo exagerado.
A posição que me ajuda a pensar essa questão (e ficar nos dois lados), é um texto, conciso mas que vai direto ao ponto, do Tristan Garcia: “Une boussole conceptuelle”, que compara de modo produtivo uma pegada mais “pluralista” e uma pegada mais “realista”