December 14, 2018

A relevância contemporânea da discussão de Meillassoux sobre fideísmo

Me surpreende eu lembrar dele, mas ssa exigência de uma espécie de tolerância com as posições religiosas da ministra lembra todos os problema do fideísmo apresentados no primeiro capítulo de Após a finitude” do Meillassoux. Pressinto que é uma cilada botar a coisa nesses termos.

Não acho que há solução. Mas esse jogo entre 1) ridicularizar as posições dela por serem irracionais’ e 2) defender o direito à crença’ (sempre num misto estranho de privado e público) e moralizando quem não respeita o jogo me parecem dois lados da mesma moeda.

É fácil ocupar a posição de intelecto superior’, acima de coisas baixas como moral’ e religião’. Mas é igualmente fácil cair nas armadilhas da tolerância universal (com uma condescendência embutida), como se ela não acabasse protegendo os fortes e enfraquecendo os fracos.

Primeiro que botar as coisas em termos de crença é sempre uma forma de ignorar como posições religiosas estão ligadas a uma ecologia de práticas que não se resume a uma doutrina. Ou seja, o apelo a uma racionalidade superior’ nesse caso é sempre ingênuo e meio cego.

Por outro lado o contexto é sempre importante e as relações nem sempre são simétricas e/ou equilibradas. Não dá pra lidar do mesmo jeito com práticas religiosas que tem um ímpeto de colonização da mesma forma com outras práticas em que a conversão não é um elemento central.

É por isso que acho que apelos a qualquer forma de racionalidade barata, senso comum ou todo mundo sabe que x’ mas também aos ecumenicismos vagos e meramente formais acabam apenas tornando o campo ainda menos navegável.


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