December 7, 2018

A besteira da filosofia como refutação

Por um lado eu até gosto de discutir, conversar, entrar no jogo de entender argumentos etc. Por outro lado tenho uma convicção que não se faz filosofia por meio de discussões. Elas podem até ter um papel, mas não acho que seja algo da ordem de servir como tribunal.

É por isso que acho uma besteirada uma certa sanha pra refutar”, desconstruir” ou mesmo achar que é possível mudar a posição do outro (como se o que estivesse em jogo fosse convencimento — e bem, para sedução de um ser intermitentemente racional há meios mais eficazes).

Acho que discutir, conversar, tem alguns efeitos que acho positivos. Produz divergência no sentido, nos obriga a expressar o que pensamos melhor e atentar para buracos que sozinho passamos por cima. Sem contar a criação de certos laços de afeto ao criar um canal de comunicação.

Se a filosofia é, como tendo a crer, um processo de impessoalizar-se, deixar de ser aquilo que se era/é (ao produzir corpos mais complexos, com relações mais e mais sutis) qualquer noção de convencimento ou refutação fica completamente despropositado.


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