A nitidez crescente nas leituras filosóficas
Quando tava na graduação eu tinha preguiça do Platão pois “demorava para chegar no ponto”. Hoje em dia eu sinto exatamente o contrário. Cada pedacinho dos diálogos é de alguma forma um passo essencial na formulação livre que vemos nos diálogos (e o “ponto” é a parte mais pobre).
Acho que isso tem um pouco a ver com a maneira como ensino e transmissão funcionam no discurso falado. Muitas vezes rapidamente se passa pelo caráter demorado e construtivo dos pensamentos e plasma-se ele com o ponto doutrinário a ser preservado.
Muitas vezes isso realmente abre o texto, deixa a gente começar a entender ele. Mas se ficamos demais nisso paramos de enxergar o terreno e só conseguimos ver o mapa. E isso nos impede de encontrar a variedade de caminhos abertos e mais hesitantes que costumam compor o todo.