A infraestrutura comunicacional do twitter
A desconexão entre “seguindo” (quem se observa e que formam uma imagem de um todo, de uma imagem de conjunto) e “seguidores” (a quem se dirige, que são os receptores daquilo que se tem a dizer sobre o conjunto) é pra mim um elemento fundamental da estrutura discursiva do twitter.
É realmente algo simples o fato de que não há um circuito comum entre quem seguimos e quem nos segue. Mas o que isso implica é que nossas percepções e intuições sobre esse espaço (e as opiniões que temos sobre ele) não será necessariamente compartilhada por quem nos escuta.
Acho que isso tem aspectos positivos e negativos. Por um lado torna o problema da contextualização central. Como as pessoas não vêem o que você vê, há sempre o risco de você ser tomado como um tonto (já que ninguém vê o que você vê), que está criando espantalhos.
Por outro lado (mas a que custo?) sinto que essa tendência de descontextualização pode dar lugar a formas inventivas de constituir conversas, de tentar reter o contexto minimamente, de compor (por conversas, por interações repetidas, por circuitos comuns) um espaço de sentido.
Já que não é dada a conexão entre o que se vê e o que se diz sobre o que se vê, há todo um trabalho por se fazer a isso. E isso acho que todos nós que estamos habituados a rede acabamos fazendo mais ou menos explicitamente.
Acho que finalmente entendi porque gosto tanto desse espaço. É uma rede que tem como elemento estruturante um problema central da vida em comum: a ideia de que aquilo que queremos comunicar (que vemos “em quem seguimos”) não é dado para quem nos endereçamos (que nos escutam).