A filosofia como um gênero textual
Tou lendo agora um livro sobre Platão e gêneros textuais (“Genres in Plato” da Andrea Nightingale) e lembrando como uma questão que me interessa demais (mas sem tempo irmão) é compreender em que sentido a filosofia é um gênero (sobretudo considerando suas variações).
Isso sempre foi uma das coisas que mais me interessou. É um campo que não pode ser definido com códigos que delimitam os tipos de texto. Claro que nem todos os textos são singulares, mas se a gente pega um conjunto de textos reconhecidos como filosóficos as variações são enormes.
Isso é um problema inclusive para fins pedagógicos, já que o que significa ensinar uma prática (que tem uma relação intensa — embora contingente? — com a escrita) que não tem qualquer uniformidade? O que une esses textos, permite identificá-los como partes de um todo?
Se a gente não consegue “transmitir” os códigos que situam o campo, que tornam ele reprodutível, fica difícil lidar com a própria transmissão dessa disciplina. O mais interessante é que a filosofia floresce apesar dessas dificuldades, apesar dessa dificuldade de situá-la.