A fetichização de discursos de alteridade na universidade
Um dia alguém vai fazer um ensaio sobre como “xapiri” (e afins) foi fetichizado na academia. E quando digo fetichizado eu falo da forma como lhe é atribuído uma existência excluída do sistema de signos e práticas que dão existência pra aquilo.
Só pra esclarecer: dizer que xapiri depende de um sistema de signos e práticas não é dizer que ele não existe em si, pois acho que nada existe em si. A mesma coisa se pode dizer sobre a ideia de inconsciente, de alma, de ‘subjetividade’ (todas coisas bem reais pra mim).
O que não significa que a gente não possa e não queira dar conta de como certas coisas atravessam mundos, como as coisas podem ser deslocadas para além dos sistemas de signos e práticas (os trabalho da Tsing, do Latour e do Badiou — de formas diferentes — vão nessa direção).
E dar conta disso é importante, acho. Pois na maior parte das vezes quando se trata teoricamente disso parece que “xapiri” aparece para resolver a bagunça da nossa ontologia. Como se fosse uma chave mágica que revelasse os pecados da nossa ontologia e prometesse uma salvação.