A análise institucional como caminho para filosofar
De repente lembrei que ontem ficamos pontificando sobre o estado geral da filosofia. Foi divertido. Me arrependo de não ter conseguido comentar mais sobre os aspectos positivos do curso que vou dar, pois acho que de fato existe um elemento de amor que justifica a persistência.
Eu sou bem aristotélico (o aristotelismo mais vulgar que existe): “Todos os homens, por natureza, tendem ao saber. Sinal disso é o amor pelas sensações. De fato, eles amam as sensações por si mesmas, independentemente da sua utilidade (…)” (Metafísica, 980a)
Tenho cada vez mais achado que a análise dos obstáculos que se apresentam para o desejo (vazio?) de filosofar é o ponto de partida para investigações interessantes e efetivamente relevantes (posto que se relacionam com os problemas que movem nosso desejo).
É nesse sentido que acho que a análise da instituição filosófica não é simplesmente uma operação crítica em sentido negativo. Acho que tem ali o ponto de partida para ao mesmo tempo lidar com o amor por instituições falidas (afinal, amo a universidade) sem abrir mão de ir além.
Tomar o obstáculo e a análise das condições interditadas do desejo me parece dar a chave para ao menos ter um ponto de apoio no início da investigação sem que você precise construir um ponto de partida do zero.