August 6, 2020

Uma paródia de Guy Debord sobre o discurso internético

Parodiando Guy Debord: O [conteúdo] não é um conjunto de [discursos], mas uma relação social entre pessoas mediadas por [discursos].”

Vou tentar continuar com essa paródia/paráfrase aqui apesar de o fetichismo da mercadoria ser um tópico que é meio que um ponto cego no meu cérebro (por favor *não tentem me explicar isso pois vou ignorar essas mensagens).

Se a forma-conteúdo é uma relação social entre pessoas MEDIADA pelo discurso, então o que aparece como conteúdo é um discurso que aparece como o que só responderia e ganharia sentido na medida que se posiciona no grande mercado das takes”. O valor viria de outros discursos.

Segundo essa lógica, porém, essa aparência de autorreferencialidade dos discursos (autorreferencialidade no fato de que o campo discursivo aparecer como conteúdo respondendo a conteúdo) seria apenas o efeito das próprias relações sociais se organizarem de uma determinada forma?

Se certas relações sociais se organizarem enquanto mercadoria implica nas mercadorias aparecerem como possuindo relações sociais elas mesmas (elas são a fonte do valor), então na medida em que nós nos organizamos dessa forma o nosso próprio discurso assume uma forma específica.

Sob essa forma os discursos se apresentariam simultaneamente como aquilo que dá critério de valor aos outros discursos mas que também velaria que os discursos eles mesmos aparecem como objeto de troca apenas por reproduzirem determinadas relações sociais que viraram dominantes.

A forma-conteúdo realiza sua forma na medida em que ela própria vela a condição que a sustenta? Nesse sentido não é que a internet seja o espaço que é a origem da forma-conteúdo (a condição técnica não é a origem de uma relação social, como máquinas não causam capitalismo”).

Talvez seja algo análogo à posição das fábricas que possuem um uso possível que se torna dominante pelo tipo de relação social que acaba sendo estruturante numa sociedade/mundo, de modo que o que vemos é um uso possível que acontece quando o discurso já se organiza de tal forma?

Tenho certeza que falei algo que alguém (um Fredric Jameson da vida?) deve ter falado de modo muito mais correto e econômico isso tudo que balbuciei acima, mas aprender eu acho sempre que passa por tentar articular sentido pra si (diálogo da alma consigo mesma, diria Sócrates).


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