Um certo balanço de desejos de pesquisa
Por um lado eu fico feliz de não ter o que escrever, de não ter nenhuma ideia, nenhum plano de escrita a longo prazo. Por outro lado dá uma saudadinha de ter uma obsessão assim com alguma concretude (só as obsessões usuais e dispersas).
Gostaria de ter tempo para ir juntando as peças de algumas ideias de alguns problemas específicos (sobretudo sobre metafilosofia). Mas tudo distante demais de ter qualquer forma concreta (pelo contrário, parece que se tornam cada vez mais vagas ou mais imprecisas com o tempo).
O meu único objetivo a longo prazo seria conseguir escrever o que eu gostaria de ter feito na minha tese mas acho que tinha ferramentas impróprias demais (e tudo bem). O tema seria algo do tipo: “O que sobra pra filosofia hoje?”.
O problema é que pra responder essa questão eu acho qeu acabei me metendo em alguns buracos, tanto que não tem nenhuma síntese à vista fora algumas palavras de ordem (que acho que até me acompanham desde a tese: como ‘navegação’, ‘transformação’, mas acrescidas de um platonismo).
O interesse por entender o mundo ateniense da gênese da filosofia ática passa por aí, por tentar entender as condições em que um tipo de prática discursiva transformadora (que é a filosofia enquanto platonismo) emerge e se desenvolve de modo a ser autonomizável de contextos.
O interesse pelo problema do amor tem a ver com a posição existencial desse tipo de prática. Pois eu acho que de certa forma (uma dica que veio de uma palestra do Maniglier que vi no YT faz mts anos) o problema erótico é um traço fundamental do que nos faz ‘prestar atenção’.
Os interesses difusso pela instituição da filosofia, pelos seus laços institucionais e sociais (tanto históricos como nacionais) é pra entender como as formas de organização de um determinado campo acabam produzindo tipos de discursos diferentes e potenciais diferentes pra fil.
Por isso que acho que sempre retorno pra situação da filosofia ‘atual’. Tem algo de tentar entender e quebrar a cabeça sobre como o caráter ‘existencial’ da filosofia é coibido. Ainda que certamente não seja mais possível fazer filosofia como Platão ou Sênecas da vida faziam.
O que leva ao meu campo de interesse que menos dou atenção, infelizmente, que é uma tentativa de entender como justamente os desenvolvimentos históricos e sociais acabam impedindo que a filosofia repita sem tirar nem pôr suas formas iniciais (ao menos iniciais na Grécia).
Daí um interesse difuso por entender os efeitos da modernidade (entendido aqui como o movimento de globalização que se intensifica com as grandes navegações) mas também as condições específicas aqui no Brasil, na maneira como certas impotências da fil ficam mais visíveis aqui.