September 25, 2019

Sobre a crítica de Platão à escrita

Vou ler a bibliografia ainda (tipo o Derrida), mas a princípio minha leitura da crítica do Platão à escrita no Fedro é apenas que a leitura do texto não substitui o esforço de diálogo da alma consigo mesmo. Ou seja, o texto pode providenciar opiniões corretas mas sem saber.

Pensando aqui como no Mênon a diferença entre saber e opinião correta é justamente a capacidade de, por conta própria, atividade que não pode ser delegada, de conectar as opiniões corretas a partir das suas causas, ou seja, lhes oferecer consistência.

O texto não seria apenas uma brincadeira, um divertimento, mas sim seria uma espécie de parteiro ou gatilho que pode forçar, incentivar, a condução da alma, ou seja, o esforço especulativo de conectar coisas por meio das causas.

Reli algumas passagens e é interessante como se marca o valor do discurso como recordação” para quem sabe. Isso joga pro Mênon de novo, já que lá o conhecimento é rememoração (que pode ser lido, como falei, como esse diálogo da alma consigo mesma fazendo conexões causais.

Mas daria talvez pra retomar também a palinódia do Sócrates e como ele descreve a queda das almas e o seu retorno” na medida que amam, que passa a relembrar a memória da visão bela antes da queda. Será então que um texto bem composto também não poderia agir de tal maneira?


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O desprezo pela licenciatura em cursos de filosofia Acho que não devia existir curso de bacharelado de filosofia, história e ciências sociais. Não faz sentido no Brasil esses cursos serem oferecidos
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Sobre críticas vazias feitas na filosofia A gente precisa pensar em alguns critérios pra poder usar expressões como “visão cartesiana/kantiana” sem que seja um golpe vazio no ar. Acho que há