Sobre a crítica de Platão à escrita
Vou ler a bibliografia ainda (tipo o Derrida), mas a princípio minha leitura da crítica do Platão à escrita no Fedro é apenas que a leitura do texto não substitui o esforço de diálogo da alma consigo mesmo. Ou seja, o texto pode providenciar opiniões corretas mas sem saber.
Pensando aqui como no Mênon a diferença entre saber e opinião correta é justamente a capacidade de, por conta própria, atividade que não pode ser delegada, de conectar as opiniões corretas a partir das suas causas, ou seja, lhes oferecer consistência.
O texto não seria apenas uma brincadeira, um divertimento, mas sim seria uma espécie de parteiro ou gatilho que pode forçar, incentivar, a condução da alma, ou seja, o esforço especulativo de conectar coisas por meio das causas.
Reli algumas passagens e é interessante como se marca o valor do discurso como “recordação” para quem sabe. Isso joga pro Mênon de novo, já que lá o conhecimento é rememoração (que pode ser lido, como falei, como esse diálogo da alma consigo mesma fazendo conexões causais.
Mas daria talvez pra retomar também a palinódia do Sócrates e como ele descreve a queda das almas e o seu “retorno” na medida que amam, que passa a relembrar a memória da visão bela antes da queda. Será então que um texto bem composto também não poderia agir de tal maneira?