O medo de hobbyficar a política
Toda vez que eu penso e quero falar sobre a ânsia que parece dominar certos nichos (que faço parte) de “discutir sobre política” [teórica ou conjunturalmente] me pergunto se eu também não tou caindo involuntariamente no mesmo problema de hobbyficar a política.
Em alguma medida eu acho que sim, que estou apenas também alimentando de alguma forma essa dinâmica. Em outros aspectos acho que pelo menos não estou confundindo fazer política com falar sobre política, mas me pergunto se isso é o suficiente para não cair nesse problema.
O que me traz pra uma questão que fico circulando obsessivamente mas que não tenho resposta (pois não acho que basta simplesmente encaixar a resposta certa): pra que diabos serve essa porra de ficar falando, discutindo, descrevendo, especulando?
Só um esclarecimento (pois me expressei de modo dramático demais — culpo o cansaço nesse final de domingo): Quando falo pra que serve a minha questão é muito tentar entender o efeito que isso tem na vida dos envolvidos (não apenas enquanto indivíduos, mas socialmente também).
Ou seja, eu parto da ideia que sim, isso faz algo, isso significa algo para a gente. A coisa sempre fica confusa pra mim pois eu não consigo entender exatamente qual é o efeito que isso gera. E isso quando se pensa as implicações políticas me parece ainda mais importante.
Importante até para entender (e evitar confundir) que “falar sobre as coisas” é diferente de “fazer as coisas” ainda que “falar” seja um tipo de fazer. Sim, essa formulação talvez ficou paradoxal, mas diria que isso é em parte o nó do problema que precisa ser desatado.