November 26, 2019

O amor entre o começo e a eternidade

Uma das coisas mais brilhantes no Fedro, e que a Carson aponta e põe em relevo como só ela consegue, é mostrar que Eros não pode ter um começo” que podemos delimitar (e previnir) temporalmente. Não dá pra fazer, como Lísias, e tentar simplesmente evitá-la de antemão.

Essa experiência é de ordem divina, logo é eterna. Seu começo entre os seres finitos seria o ponto que somos atravessados por algo de infinito que nos excede e que acaba, por efeito, nos movendo muitas vezes contra as nossas vontades.

Talvez seja possível entender o γλυκύπικρον (agridoce) como essa experiência em que é se posto diante de uma promessa infinita (doce) que deve ser enfrentada num campo concreto repleto de obstáculos (amargo). Mas o curioso é que sem o amargo não haveria distância pra sentir Eros.


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Dosando simplicidade e complexidade Rolou agora uma interação entre um twitteiro e um político (que não vou comentar qual é, não perguntem, não é difícil achar) que me deixou um pouco
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Um comentário sobre o Homem Sério Sensual “O homem sensual sério” é talvez um dos conceitos mais importantes para uma futura ética antipredicativa. Não que ele exista. Ele talvez seja apenas