February 26, 2021

Notas sobre as duas mortes’ de Junho de 2013

Isso é certamente um comentário ingênuo de quem desconhece a literatura e foi um participante marginal” (participava mas não era organizador de nada). Mas as vezes olhando pra trás eu tenho a impressão de que junho de 2013 foi mais uma saturação de um ciclo do que um começo.

Claro que no momento a impressão que eu tinha (pelo que lembro) era que parecia — e é uma impressão que em alguma medida sinto ser incomunicável pra quem não tava lá — o início de algo novo, de algo diferente (bem, sempre fui muito ingênuo politicamente, aind aque foi bonito).

Com o tempo acho que não apenas uma certa tendência conservadora predominou (sem que aquele instante tenha sido conservador em si) mas que também aquilo foi mais uma espécie de fim que nos jogou num estado entre duas mortes (como Antígona).

O que penso aqui (a partir de leituras de orelhadas de outras pessoas) é aquela distância entre a morte simbólica e a morte real que acontece na peça quando ela é excluída da vida social mas continua ainda assim viva (e de uma forma esquisita — ou sublime, como falam).

Penso nisso pois certamente muito das transformações positivas que ocorreram no Brasil nos últimos 20 anos acabaram subindo à superfície, se tornando visíveis naquele momento. Não que fossem invisíveis antes, mas se tornaram algo que não se pode não ver.

A morte simbólica que tou pensando seria então que essas conquistas se tornam visíveis mas, em certa medida, por não poderem continaur (ao menos não como antes). Como se fosse a sua interrupção que fizesse elas submergirem no momento que foram desamparadas.

Daí que acho um momento esquisito. Pois as conquistas estão interrompidas (ou mesmo entram em retrocesso) — e isso seria o que tou chamando de morte simbólica delas. Mas ainda assim estão aí, vemos os frutos desses progressos e dessas lutas ainda existindo.

Basta ver as universidades. Ainda que estejam sofrendo um retrocesso imenso, o fruto dos avanços enquanto não havia ainda a morte simbólica ainda está lá (ainda que talvez seja esse justamente o esforço de conservadores, matar realmente aquilo que já está morto simbolicamente).

Mas num sei. Enfim. Também acho que isso aí num tá muito claro, mad é o que tem pra hoje. (e com certeza devo ter feito alguma confusão com a noção de entre duas mortes”, mas tudo bem, não tava mirando numa adequação).


Previous post
Dificuldades da leitura contextualizada e da leitura imanente da filosofia Eu fico tentando conciliar na minha cabeça sem sucesso duas ideias que acho que a princípio se opõem entre si. Por um lado acho que textos
Next post
A especificidade da autonomia da filosofia Uma coisa que eu acho doido da “filosofia” é que é um campo/área sem determinações exaustivas do seu gênero ou da sua metodologia. É nesse sentido