Meus tiques na escrita filosófica
De todos os elementos de redação que corrigem no que eu escrevo em filosofia, o que mais corrigem é provavelmente a única coisa que eu faço um esforço ativo para usar (ou seja, não é apenas eu escrevendo mal por tiques): o uso de futuro do pretérito para discutir conceitos.
Outra coisa que se corrige muito é que eu gosto de tratar os “eventos filosóficos” (ou seja, o que acontece na história da filosofia) em termos sempre de um futuro. “Tal evento transformará algo.” Infelizmente corrigem essa escolha estilística também.
Até entendo. Meus textos em termos de escrita e redação são mais embolados, enrolados e confusos um bolo de fios emaranhados. E também entendo que construo minhas frases sempre pelos caminhos mais longos, sempre deixando tudo longe de vista (ou seja: discípulo ruim de Murnane).
Mas puxa vida, as únicas coisas que acabo fazendo conscientemente são sempre limadas nesse bolo de correções como se fossem “mais um tique”.
Outra coisa também. Eu tenho uma tendência enorme a “enfraquecer” as minhas afirmações. Relativizar, criar condicionantes a um ponto que a coisa no final perde boa parte da força. Em alguma medida é um tique, mas também é um jeito meio tortuoso de pensar que de fato eu procuro.