Filosofia e boatos (a partir de Mladen Dolar)
A partir do Dolar dá pra dizer que aparentemente a filosofia é o que acontece quando boatos se convencem de que não são apenas boatos. Ao mesmo tempo, se a gente reduz o boato a ele ser uma falsidade (isto é, se a gente ajuíza definitivamente), caimos num cinismo batato?
Se eu entendi o difícil é manter vivo uma possibilidade de que os boatos não se decidam sobre sua validade. Manter então o boato como o que se insinua sem justificativa, mas de modo que a ausência de justificativa também não implique que ele seja falso — daí colar facilmente (?).
Com isso talvez dê pra retornar para a filosofia sem cair numa versão barata da morte de deus? Se a filosofia é uma forma superior de fofoca (como diz o Dolar), uma fofoca que, com base em boatos, se convence de não ser apenas boato, então seu futuro como falsidade está aberto.
*Pode ser* que aquilo seja algo. Pode ser que estejamos falando de algo que toca na verdade. Ainda que essa própria aposta seja feita sem qualquer justificativa, e sim apenas a partir de uma possibilidade que conseguiu colar por ser boato.
incipit socratismo platônico.