Diotima e o amor como excesso
O discurso da Diotima em que ela descreve a natureza do amor é tão simples quanto bonito. O trecho em que ela descreve o caráter incompleto de eros, nem sábio nem ignorante, nem rico nem pobre, é incrível. Mas tem algo bem foda no fato de que o amante não pode ser um melancólico.
A falta que tem no eros de Diotima é diferente da que tem no de Aristófanes. Enquanto naquele a falta é um ponto de partida constitutivo (daí um mito de origem, a partilha dos tempos míticos), no outro a falta é algo que “sempre lhe escapa”. É constitutivo sim, mas como excesso.
Quem viu essa questão do excesso melhor foi a Carson (apesar de, infelizmente, ela não escrever sobre o Banquete). Mas me parece a melhor forma de entender esse amor sem recair em qualquer mitologia individualista.