Crítica ao gênio jovem
Quando eu penso em artistas que “explodem” depois de uma janela de juventude (penso, por exemplo, no Sebald), eu sempre fico pensando quanta coisa massa que existe que jamais chega a circular muito por contingências do mercado artístico.
Isso pra mim tem um efeito duplo. Por um lado acho que me faz desinflar um pouco os supostos gênios da esfera pública (há muito confete). Sinto que a percepção consensual de genialidade tende a ser algo que para funcionar precisa apagar como aquela pessoa se relaciona com outras.
Por outro lado acho que me faz ter mais atenção com as coisas que me cercam, com aquilo que pessoas próximas fazem (seja em que campo), com perceber que muitas vezes a coisa pode tocar a gente quando prestamos atenção ao que foi feito ali quando também é feita com atenção.
Tenho pensado muito nisso depois de ler sobre o processo de isolamento que o J-A Miller fez na obra do Lacan ao separá-lo daquilo que evidencia as influências, empréstimos etc (independente da qualidade hermenêutica do Miller, não entro no mérito se é bom ou ruim).