Balanço sobre as análises filosóficas do início da pandemia
Muito boa essa thread:
Para La Voz preguntaron si tenia algo para decir del debate filosófico sobre Covid. Salió esto:
— Emmanuel Biset (@ebiset1) April 5, 2020
In-cierto
1.
Todes piensan. Todes responden. Todes interpretan. De Žižek a Butler, de Agamben a Esposito, de Byung Chul-Han a Latour.
A única coisa que fico pensando é que em alguma medida, se o silêncio e a demora é importante, ao mesmo tempo parece que especular (não-dogmaticamente) é algo que ajuda a mapear as perguntas e questões.
Conversando com o @gtupinamba ele falou algo que realmente faz sentido, há uma homogenidade muito grande na reclamação dos “textos filosóficos”, e me pergunto se isso não é um sinal de um certo espírito que não consegue lidar com aquilo que é próprio do âmbito filosófico.
Claro que as vezes pode ser cedo demais, pode ser raso demais, repetitivo demais, dogmático demais e até “indústria da produtividade” demais, fetichização do pensamento etc. Mas ao mesmo tempo é engraçado que “incomode” que as pessoas estejam tentando articular sentido agora.
Um dos luxos da filosofia (do pensamento em geral) talvez seja que ele não tem hora pra acontecer, não tem caminho certo, não tem conteúdos corretos ou procedimentos homogêneos. Pensa-se à despeito de sentirmos que o momento não é pra isso. Não é isso a liberdade da filosofia?
Entendo que possa irritar essas “confirmações”, mas talvez isso aconteça por tomar esses textos não como exercícios e sim como soluções. A régua que mede esses textos com base em uma suposta adequação é que estaria mais próxima de uma demanda produtivista/utilitarista.
O que talvez revele algo que já sabemos, que pensar cansa, que ser instigado a pensar cansa, incomoda e que incomoda mesmo quando discordamos ou concordamos com os textos, incomodam por nos jogarem numa atividade que não gostaríamos de fazer agora (?).
Enfim, acho que talvez essa reação adversa não deixa de trazer em parte um certo espírito anti-filosófico (mas uma antifilosofia pobre) que falaria mais de si do que dos textos.
Mas claro, não falo isso pra desmerecer as críticas, mas, como nos textos, tenho tentado entender o que tem de verdade e o que tem de problemas (pois evidentmente vai ter um pouco de ambas.). Se há questões boas nas críticas, nem sempre elas conseguem separar o bebê da água.