Autonomização de campos da filosofia
Hoje em dia uma das coisa mais angustiante pra mim de lidar com filosofia é a perspectiva constante de que em algum momento aquilo que se está discutindo vai ser substituída por uma análise de um campo autonomizado que ganhou consistência própria e não é mais filosófico.
Penso aqui na maneira como ciências (naturais e sociais e com maior ou menor consistência em sua organização como física, psicologia, ciência sociais etc) vão se destacando aos poucos da reflexão filosófica e vão se tornando autônoma e capazes de realizar juízos mais firmes.
É um passo importante que certos juízos da filosofia (que em última instância me parecem injustificáveis [cf. o conflito das filosofias, discussões de ceticismo] saiam da filosofia e ganhem consistência por conseguirem encontrar a sua solidez. Mas pra mim isso gera uma angústia.
Angústia pois qualquer coisa que se discute filosoficamente (seja lá o que for isso), vai provavelmente ganhar solidez maior em outro campo (pois é assim que funciona, é da natureza da filosofia ela não ter essa solidez, que também lhe confere uma certa liberdade).
Daí essa coisa meio esquisita que boa parte dos juízos que se faz só vai poder ganhar firmeza e consistência quando deixar de ser filosofia (mesmo que os outros campos não estejam eles próprios totalmente firmes e sólidos — como parece ser, à distância, as ciências humanas).
É como se desse ponto de vista a filosofia tivesse uma obsolescência programada (mesmo que essa obsolescência de fato não chegue nunca, ela está ali como possibilidade inscrita na própria filosofia). O que fazer diante desse impasse é um pouco o que tenho tentado entender.