A história da filosofia como um acúmulo de pecados
Algo que me incomoda em certas leituras da história da filosofia é quando o ímpeto de atribuir um telos pra >grande narrativa< supera o rigor analítico. Leituras como a do Heidegger, por mais que possuam insights brilhantes, acabam transfornando a história num “affair” moral.
Como se a história da filosofia fosse apenas um acúmulo de pecados, que ou você recusa ou você precisa desinfectar por meio de coisas de fora (poesia/literatura/ciência/pensamentos não-ocidentais). Como se você mesmo não estivesse implicado em eventuais problemas e ambiguidades.
Eu acho que tem um problema de vergonha aí, vergonha de estar implicado em coisas que não gostaríamos que estivessem tão próximos de nós. Vergonha que faz com que seja necessário negar até parte do que nos constitui e que desejamos para não conviver com certas ambiguidades.