March 31, 2021

A divisão internacional do trabalho filosófico

A divisão internacional do trabalho filosófico é cômica pois nem produzimos literatura cientifica em massa que vai circular em periódicos caríssimos que circulam fortunas longe da mão dos filósofos autores e também não produzimos ideologias que ao menos povoam campos alheios.

No primeiro caso temos sobretudo a tradição analítica e o método publish or perish acaba sendo o modo de operar e existir na academia americana. Entre os ideólogos quem acaba tendo exercendo a função ainda são franceses e o que mais importa nesse meio é o networking.

Americanos produzem produtos de baixa circulação individual mas que compõem ecologias complexas que fazem montar fortunas que jamais chegam neles e franceses acabam ocupando os espaços mais tradicionalmente intelectuais de emissão unilateral entre disciplinas.

E nós? Talvez já ouve um momento francês (pré-usp) en que você tinha figuras da inteligentsia circulando em jornais e cadernos culturais. Mas sabemos que a filosofia raramente teve capacidade de fertilizar seu próprio quintal de modo contínuo, sendo no máximo antena de gringo.

Hoje em dia (desde a consolidação da usp) a gente faz artigos, copia o modelo americano mas esses artigos são todos abertos, não movimentam um tostão. A gente também não participa da rede americana. A lingua é uma barreira, mas não parece ser só isso.

A gente parece estar eternamente num processo de recuperação, exatamente como economias periféricas. Diferente delas, porém, não consigo imaginar muito bem qual seria a função (se há) do nosso atraso” ou da nossa incapacidade de completar a entrada no mercado global.


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