A dificuldade e o desejo de mensurar a grandeza literária
Vendo a recepção do Torto Arado (no início elogios - depois ressalvas - depois elogios de novo) e fico pensando como é difícil ler as coisas e dimensionar as leituras a ler pois parece que toda recepção já é hiper midiatizada (pelo menos pra mim o hype atrapalha a visão).
São sempre superlativos demais. Ou é incrível ou está aquém de ser incrível. A impressão é que fora uns medalhões que construiram suas obras em outro momento, tudo agora é sempre avaliado nos termos de “o próximo grande clássico”.
Eu tenho na minha cabeça que isso é um dos efeitos da polarização que tinha ali ao longo dos anos 2000 entre os Franzen e os DFW da vida. Acho que a questão deixou de ser “o grande romance nacional” e se tornou “a grande obra clássica”.
Eu até acho que tem experiências incriveis no XXI na literatura. Acho que tanto a tetralogia da Ferrante como a obra do Karl Ove são experiências estéticas *marcantes*. Acho que a Cusk também faz algo impressionante (sem falar também de toda a obra da Carson). Mas é difícil ver.
No Brasil acho dificílimo falar. Eu não estudo essas coisas e nem aspiro acompanhar (o circuito literário me deixa broxado). Mas acho que tem uma ressaca muito forte de um bando de coisa, e uma das obras mais impressionantes que li (“O livro dos mandarins”) passou batida.