A crítica de Simondon ao hilemorfismo
A crítica ao hilemorfismo que o Simondon faz no primeiro capítulo de “A individuação” é pra mim um dos grandes momentos de crítica ideológica/crítica materialista da história da filosofia. Uma espécie de marxismo que é tanto melhor por ser totalmente (ou parecer) involuntário.
Basicamente ele diz (com uma elegância que invejo e que não é tão constante nos seus textos): só é capaz de pensar que as coisas surgem a partir de uma forma ativa que é aplicada numa matéria passiva quem nunca teve que trabalhar uma madeira antes de construir um móvel qualquer.
Pra mim tem um ponto fundamental pra se pensar a própria filosofia: só acredita na “imaterialidade das ideias” quem nunca esteve em situação de ter que comunicar suas ideias (quem nunca saiu de sua própria cabeça ou esteve em circunstâncias em que precisava dialogar com outros).