A composição dos objetos da moda intelectual
Gostaria de uma análise sobre as correntes teóricas que tem predominado, sobre os objetos que tem vingado e sua presença no mercado editorial. De preferência também diferenciando entre aquilo que é “apenas” traduzido e aquilo que tem um marketing intenso que acompanha.
Me parece que tem três formas de inspirar objetos de pesquisa na academia (em filosofia e algumas áreas de humanas) atualmente (e que podem se misturar): 1) continuidade com grupos de pesquisa já existentes; 2) problemas e situações que trazem perguntas e 3) o mercado editorial.
A primeira me parece a mais tradicional. Ela depende, porém, de estrutura, de instituições mais ou menos firmes (e de dinheiro). Ela também corre muito risco de se tornar numa relação mestre-discípulo quando grupos de pesquisa funcionam sob a lógica do professor lobo-solitário.
A segunda acho que é o que vemos sobretudo na interseção ou com questões que surgem no meio da militância política ou na fronteira com outras disciplinas (geralmente científicas). Independente do contato, parece que são demandas que vem de algum fora.
A terceira é a mais complicada. Me parece um sintoma (desculpa @caiquecabarroz) do derretimento da academia enquanto instituição. Objetos e teorias absorvidas diretamente do mercado editorial e do que tá quente. O acadêmico acaba se tornando primariamente consumidor.
É claro que na prática as coisas se misturam. E claro que o mercado editorial é um parceiro fundamental das pesquisas. Mas parece que, infelizmente, cada vez mais as relações de interesses se invertem e o acadêmico vira um legitimador do produto. Claro, tem que pagar boleto.
E claro, o campo da teoria/filosofia/ciências humanas num é assim uma relação promíscua suficiente para ser um grandissíssimo objeto de atenção. Mas enfim, acho que é mais um tijolinho nas dificuldades que passamos.