A comensurabilidade do estilo da filosofia analítica
Essa thread é boa e algumas das interações ajudam a explicar um pouco a minha preguiça com o mundo da filosofia analítica. Não é tanto um problema com os objetos ou com os temas, mas com a maneira como as discussões e as argumentações se desenvolvem.
E nem vou entrar na questão do mérito, sobre que tipo de estilo é mais apropriado (nenhum é, pra ser sincero, a filosofia se define por incontáveis estratégias de procedimento e de gênero). Mas uma coisa que tenho a impressão é que o “estilo analítico” é mais comensurável.
De novo, não significa que é melhor ou pior, mas tenho a impressão que ele torna as discussões mais inteligíveis (o que é bom, se a gente não cai no erro de achar que isso não rola em outros estilos) o que por sua vez acaba facilitando na hora de avaliação no mercado de empregos.
Essa comensurabilidade pra mim se vê na maneira como cada coisa, cada ideia, cada “método” tem uma caixinha e também como as articulações são e elaborações são muitas vezes postas em termos de refutação e/ou expansão de argumento de outro. É sempre um clima de disputa.
Mas o que me incomoda, além das questões institucionais, além de ser um estilo que se porta muito bem a ser absorvido pelo mercado é a ilusão de que só assim se produz inteligibilidade. Como se só em certos termos se fosse possível elaborar e produzir um campo comum de questões.
Talvez o ressentimento falando — sobretudo por conta das oportunidades de emprego — mas isso acaba produzindo uma má vontade enorme com outras formas de pensar. Não que o meu campo não acabe tendo suas patologias herméticas, mas tomar isso como regra é foda mesmo.