January 12, 2021

Sobre o termo ocidente”

Eu tenho o sonho de um dia pesquisar e escrever algo sobre os usos do termo ocidente”/“ocidental” na filosofia.

Eu tendo a achar que é mais uma categoria normativa (?) do que propriamente descritiva. Mais uma tentativa de síntese a partir de certos valores, impondo uma unidade de fora para dentro do que um conceito que efetivamente reúne e explica algo.

Acho que isso vale tanto para conservadores (reivindicando o ocidente) como para pós-modernosos (critivando o ocidente). Pois no fim das contas nada de fato consegue ser circunscrito nessas categorias sem que muita coisa tenha que ser deixado de lado ou ignorado.

Confesso que eu culpo (ao menos entre os pós-modernosos) o Derrida por isso, por falar sem o menor lastro sobre o ocidente (na esteira de um heideggerianismo importado que também faz essas hiper sínteses?).

Por isso que eu fico: ok, qual o valor dele? Uma mera demarcação entre bom ou mau? Me parece que seu aspecto de (pseudo-)conceito tem mais essa finalidade do que descrever qualquer conjunto de relações reais. O problema é que é tão vago que pode ser usado pra qualquer coisa.

Ocidental é sempre aquele aspecto que ou eu quero preservar contra uma suposta degeneração (vulgata conservadora) ou aquilo que quero criticar em nome de outras possibilidades (vulgata pós-modernosa).

O problema é que geralmente o elemento empírico destacado na maior parte das vezes pode ser encontrado em ambos os lados dessa demarcação. Seja algo bom, seja algo ruim, raramente se consegue apontar com essa linha algo de fato que seja exclusivamente ocidental.


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