Mais comentários sobre os textos de covid de Agamben
Conversando ontem com o @gtupinamba ele sugeriu que os coronatextos do Agamben (como sua obra) deveriam ser encarados como uma formulação contemporânea do problema da boa vida, o que ajude a deixar de lado alguns dos problemas técnicos no seu conceito e dar força pro que ele diz.
E de fato, por mais que a questão da epidemia seja algo que ponha em risco vidas, ao mesmo tempo o luxo que nos damos é que só sobreviver não é o suficiente (fico pensando no Epicuro preocupado em encontrar o limite mínimo do prazer). Isso aparece no sofrimento de quem tá “bem”.
O que Pierre Hadot estaria dizendo sobre Corona me interessa pois se tem alguém que faria algo bom era ele. Imagina um post no blog do Hadotzin listando exercícios espirituais para a quarentena.
Inclusive (e essa lembrança devo à conversa com amigos ontem), sem o problema da boa vida o pensamento não é nada. Pois é justamente a defesa do maior dos luxos. Agora, claro, eu mesmo acho que tou pro lado mais radical, tendo a achar que o isolamento deve ser radical etc etc.
Ainda assim fico com a pulga atrás da orelha, pois se alguma contribuição a disciplina pode fazer pro momento tem a ver também com a imposição dessa questão como algo essencial (mas que aparece como suplemento), e não meramente um complemento possível. O problema é a conciliar.