Evitar a auto-congratulação filosófica
Uma coisa que acho que é o ponto mais difícil de qualquer operação pedagógica na filosofia é evitar que ela não se torne apenas uma ocasião de dar um biscoito, que o resultado não seja apenas um prazer meio auto-congratulatório que deixa tudo como está.
Pois é muito fácil (ou mai fácil, ao menos), pegar alguns conceitos da moda, trazer uns exemplos massa e fazer todo mundo ali satisfeito com o que aconteceu sem que nada tenha efetivamente acontecido, sem que algo além de “jargões” tenha sido trocado.
Nessas situações o aluno sai “munido” do conceito e aparentemente está tudo bem. Mas acho que o problema tá um pouco aí, pois se isso aconteceu — e uma celebração intensa costuma ser sinal disso — talvez ninguém tenha se transformado, ninguém tenha se afetado (e isso é foda).
O difícil eu acho é evitar as armadilhas (pois é bom também ser elogiado, é bom ser valorizado) que façam com que os sujeitos apenas se reafirmem enquanto sujeitos. Isso não é apenas um ponto neutro, isso efetivamente torna mais e mais difícil o trabalho pedagógico a longo prazo.
Zuando Leopardi, “Tudo deve permanecer igual para que tudo possa piorar.” Mas é difícil tb pq se é ruim essa prática que o aluno sai ao menos satisfeito (pois “reafirmado” enquanto alguém “em progresso”), ao menos ali há algum tipo de transformação visível.
É muito difícil, acho, saber se orientar longe disso (ainda mais que não é porque essa satisfação é problemática que o “sofrimento” seja A VERDADEIRA PEDAGOGIA — deus me livre), tentar realmente construir uma operação que seja de fato libertadora, digamos.