September 3, 2020

Atenção a uma outra perspectiva em embates teóricos

Ontem bateu um pouco de luz (que como bom platonista que sou, vou chamar de PERSPECTIVA — mas não aquela do ponto de vista pessoal, mas no sentido de ganhar perspectiva”) sobre como algumas disputas que tem nessa rede sobre intelectuais da velha guarda e da nova guarda é espuma.

Não que alguns dos temas não sejam importantes, não que existam pessoas sendo escrotas aqui e ali (e isso acontece dos dois lados), e não que a gente não acabe se posicionando nesses dramas (afinal, somos parte deles também e não acho que isso tenha que ser negado).

Mas, conversando com amigos, acho que ficou claro como em alguma medida o que tá em jogo é muito defender as regras no jogo que tendem para seu ponto de vista pessoal (e tudo bem isso, não acho isso moralmente equivocado), mas é bom também lembrar que tem coisas fora disso.

E isso fica até meio bobo e talvez críptico, mas acho que no fim quando você se engaja no campo da pesquisa, do pensamento e da educação (tudo em sentido amplo) tem sempre movimentos que atravessam nossas perspectivas sem também que componham uma narrativa harmoniosa e télica.

Acho que o jogo do ponto de finitude acaba sendo pela estruturação de uma linha coerente, de movimentos que são retrospectivamente coesos e que acabem dispondo as coisas de modo que muitas vezes justifica o seu ponto de vista. Mas acho que tem algo mais que isso que é esquisito.

E ainda que seja difícil e até desorientador, é bom também, em alguns momentos (e por isso também acho que esse ganhar perspectiva” não seja algo que possamos permanecer junto por muito tempo) se libertar da nóia de apenad afirmar o seu ponto de vista e se ligar a outra escala.

De novo, tudo aqui meio críptico, meio confuso (e tudo bem, acho que já não estou mais diante da luz que brilhou ontem), mas é apenas pra dizer que também dá pra, de vez em quando, largar de mão o ponto de vista pessoal pra respirar e se apoiar nesse movimento que atravessa.

E atravessa de modo que a gente — justamente — não consegue compreender, pois quando compreendemos já estamos escalonando ele pra caber no nosso ponto de vista e nos nossos desejos. Ou seja, tem algo de confiar que tem algo além desses jogos, ainda que não se possa garantir.


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